
No futebol existe a máxima que diz que a crise não é o melhor momento para se lançar um garoto prata da casa no time profissional. No rebaixado Atlético-GO, a tese não foi aplicada. Um dos que conseguiu agarrar a oportunidade e se destacar em um ano desastroso para o clube foi o volante Mahatma Gandhi.
O garoto de 20 anos parece ter recebido de seu homônimo não apenas o nome, mas a timidez e a tranquilidade. Já o futebol, veio do berço. Mahatma é filho do ex-atacante Héber, campeão brasileiro pelo Grêmio em 1981. Seu pai também jogou no Atlético-GO, além dos rivais Goiás, Vila Nova e Goiânia.
Mahatma Gandhi estreou com a camisa do time goiano nesta temporada e fez seis jogos, sendo três como titular. Além de se firmar como jogador profissional, o jovem espera que seu futebol chame tanto a atenção quanto o seu “famoso nome”.
Um dos seus sonhos é um dia jogar em um clube grande do país, possivelmente o Grêmio – do pai Héber -, mas avisa que a meta não pode ser vista como uma “obsessão”.
Confira a entrevista exclusiva de Mahatma Gandhi ao Terra:
Terra: quem foi o responsável pela escolha do seu nome?
Mahatma: minha mãe na gravidez não tinha um nome escolhido ainda, mas um dia antes do parto sonhou com Mahatma Gandhi, e decidiu colocar.
Terra: o que você sabe sobre o seu homônimo famoso?
Mahatma: foi um grande homem que lutou pela independência da Índia usando a não-violência. Era um cara muito inteligente, muito importante.
Terra: por falar no conceito da não-violência, você o utiliza no seu dia a dia?
Mahatma: sou uma pessoa tranquila, não costumo me envolver em brigas. Nunca me meti em brigas de rua, sou tranquilo e gosto de sair, ir ao shopping, ao cinema, normal.
Terra: mas dentro de campo dá para ser tão pacífico assim?
Mahatma: como eu jogo de volante eu tenho que marcar mais forte, dar uma chegadinha junto, mas é tranquilo.
Terra: na escola os colegas faziam brincadeiras por causa do seu nome? As pessoas que não te conhecem ainda estranham?
Mahatma: no começo sim, quando eu era novato os meninos achavam estranho, mas rapidinho acostumaram e pararam de brincar com isso, tanto é que nunca tive apelidos. Estranham, quando eu chego já falo: “Prazer, Mahatma Gandhi!”, para impressionar logo, não ter dúvida, mas acham diferente.
Terra: uma das formas de manifestação de Gandhi era por meio da greve de fome. Você faria uma greve de fome para mudar alguma coisa no futebol?
Mahatma: eu tentaria mudar as brigas nos estádios, acontecem muitas mortes por causa disso e se fosse para fazer uma greve de fome seria para lutar pelo fim das brigas.
Terra: seu nome desperta a atenção nas pessoas. Você teme que as pessoas lembrem de você só pelo nome e não pelo seu futebol?
Mahatma: eu tento deixar isso de lado, tento jogar bem para aparecer não pelo meu nome e sim pelo meu futebol. É claro que meu nome chama a atenção, mas tento aparecer mais pelo futebol e não só pelo nome.
Terra: e essa sua experiência de subir para o profissional já disputando uma Série A?
Mahatma: quando eu subi procurei colocar na minha cabeça para ficar tranquilo, para pensar que eram jogos normais da base ou que eu estava brincando na rua para não ficar pensando nisso. Se a gente for parar para pensar nisso tudo a gente nem entra em campo.
Terra: você se sente prejudicado por subir em um momento tão ruim do Atlético-GO?
Mahatma: a nossa situação é complicada, mas pelo meu lado vejo que é bom subir, disputar uma Série A e mostrar o meu futebol. Quanto à pressão, o pessoal tenta a gente tranquilo para jogar bem.
Terra: seu pai (Héber) te dá muitos conselhos sobre o mundo do futebol?
Mahatma: meu pai que me colocou no futebol e sempre vem me aconselhando para fazer as coisas certas, por isso me espelho nele para chegar longe no futebol.
Terra: ele ainda tem contato com o Grêmio?
Mahatma: ele tem vários amigos lá, quando tem jogo aqui em Goiânia ele vai no hotel, conversa com o pessoal, pega uma camisa.
Terra: tem vontade de seguir os passos do seu pai e vestir a camisa do Grêmio um dia?
Mahatma: desde pequeno ele fala comigo em relação a isso, eu também tenho vontade de jogar lá, é claro que não é aquela obsessão, mas é um time grande. Tenho vontade de jogar em um time grande do eixo Rio-São Paulo ou do Sul também.
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